quinta-feira, 24 de junho de 2010

Quase óbvio

(Arte de Henri Matisse)

Quando descobriu que o único controle que se tem na vida é aquele movido a pilha, não deixou por menos. Trocou de roupa, penteou os cabelos e passou batom. Está pronta pra começar a se divertir.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Quase a mesma

(Arte de Hiromi Taguchi)
Sem mais, a menina aparece, como se nunca tivesse partido.
Quer vestido curto, cabelo no ombro e música pra dançar.
Sua alegria dura pouco: olha no espelho e não se reconhece.
Sai de fino, mas se mantém sempre à espreita, pronta para voltar.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Quase frustrante


Preocupada em agradar,
esqueceu dos seus sonhos, delírios e desejos
e abandonou a si mesma num canto da casa.
Perdeu o melhor da festa.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Quase livre


Não, obrigada.
Não quero silicone, musculação, corrida,
comida sem sal, cerveja sem álcool, cigarro sem nicotina.
Estou satisfeita.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Quase imprescindível

Acordar sem pressa, passear sem rumo,
comer sem culpa, conversar sem pose,
dormir sem susto, viver sem medo.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Quase necessário

(Arte de Lorenzo Mattotti)

Era uma tarde como todas as outras e, no entanto, única.
Estava tudo ali do jeito de sempre e, no entanto, mágico.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Quase impossível

Pensamentos tão rápidos que atropelam as palavras,
antecipando-se num turbilhão de ideias.
A fim de decifrar este enigma, peço chão.
Agora entendi? Penso que sim, concluo que não.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Quase irreal

(Arte de Gustavo Rosa)

Escrevo a mesma carta milhares de vezes.
Mentalmente, invento maneiras de dizer o que deve ser dito.
Secretas, as cartas ficam para sempre guardadas.
São lindas e tocantes, as palavras que nunca escrevi.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Quase boicote

Desdenha do seu talento,
desfaz de sua capacidade,
desconfia dos elogios,
despreza as oportunidades.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Quase biografia

Desde sempre estou de mudança:
de cara, de roupa, de endereço,
de humor, de estado civil, de cidade.
Mudei de filha para mãe, de nora para sogra,
de irmã para melhor amiga.
Quem disse que a gente só nasce uma vez?

terça-feira, 1 de junho de 2010

Quase ausente

Medrosa, antevejo o tombo antes da aventura.
Muito perigoso!, me diz, alarmada, uma voz interior.
Foi assim que me tornei a mais entusiasta das espectadoras.
Enquanto todos arriscam, eu não petisco.