quarta-feira, 27 de abril de 2011

Quase reza

Espera por quem não vem,
almeja o que não tem,
quer ir, mas algo a detém.
Acomodação, amén.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Quase de volta


Se alguém me lê, já sabe tudo.
Das minhas dores, dos meus anseios, minhas saudades.
O teclado, mudo, aceita o que vem.
Não tenho dúvidas: se há censura, ela também é toda minha.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Quase no limite


No meio da festa, exausta, não sabe se vai conseguir.
Os pés doem, os olhos ardem, a garganta só quer tossir.
Bebe um gole, traga fundo, jejua como um faquir.
Mais uma noite perdida, mais um castelo a ruir.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Quase faxina


Dispenso as inutilidades:
objetos empoeirados, vestidos apertados, rancores mofados.
Despida do que não me serve mais,
arejo a casa e afofo os sofás:
ainda há muitos capítulos à minha espera.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Quase libertação

Planos para o ano novo:
cortar a etiqueta que levo grudada ao corpo,
rasgar em mil pedaços o manual dos bons costumes
e encher meu prato de sabores proibidos.
Alguém está servido?

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Quase síntese

Não sou chegada a nostalgias,
mas também não faço planos pro futuro.
O tempo me prega peças, traiçoeiro,
e me mantém correndo atrás de algo que nem sei.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Quase fugaz

A casa se encheu de cores e sons,
de novos ares e antigos sentimentos.
Depois, novamente o vazio.
E um rastro de perfume que resiste pra me maltratar.